Extreme Ownership - o valor do Treinamento e Preparação

2.a Tenente Bruna Campos Nogueira Plentz

A 2.a Tenente Bruna Campos Nogueira Plentz marcou seu nome na história ao se tornar a primeira oficial formada na AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras) a concluir com êxito o exigente Curso de Operações na Selva (COS), ministrado pelo CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva), em Manaus. Mas sua trajetória até essa conquista começou muito antes da selva.

1. Fase Preparatória – Muito antes do COS

   
   

Antes mesmo de ser aceita no curso, Plentz passou por uma longa jornada de preparação física, técnica e mental, com foco total no cumprimento dos pré-requisitos exigidos pelo CIGS. O curso é considerado um dos mais difíceis do mundo, e apenas os militares com excelente desempenho nas avaliações iniciais são admitidos. Ela iniciou sua preparação ainda durante seu tempo de formação na AMAN, onde desde cedo se destacou pelo alto desempenho físico e liderança. Após sua formatura, dedicou-se mais intensamente a se preparar para o COS, adotando uma rotina de treinos inspirada nos próprios desafios do curso:

• Corridas de longa distância com carga: para simular os deslocamentos constantes em terreno hostil.

  
  

• Treinamentos com armamento e navegação terrestre: fundamentais para as fases de patrulhamento e emboscadas na selva.

  
  

• Aprimoramento da resistência mental: enfrentando atividades prolongadas com restrição de sono e alimentação.

  
  

• Treinamento de sobrevivência e adaptação ao ambiente: com foco no clima, vegetação e fauna amazônica.

  
  

Além disso, buscou conselhos de militares que já haviam passado pelo COS, estudou materiais do CIGS, e simulou ambientes de pressão para testar sua capacidade de decisão sob estresse.

2. Durante o COS – Superação extrema

   
   

Foram três meses (doze semanas) de instrução. Mesmo com todo esse preparo, o curso representou um novo patamar de exigência. Ela enfrentou as três fases principais:

a. Vida na Selva – onde aprendeu técnicas de sobrevivência, obtenção de água, alimentação com caça e coleta, construção de abrigos e purificação de água.

b. Técnica Especial de Selva (TES) – que envolve navegação, camuflagem, patrulhas, ações ofensivas e defensivas no ambiente de mata fechada.

c. Operações na Selva (OS) – a fase final e mais exigente, que simula o combate real, com deslocamentos prolongados, pouca comida, emboscadas, missões complexas e muita pressão física e psicológica.

Ao longo do curso, Plentz, como Aluno 22, destacou-se não apenas pela resistência física, mas também por sua liderança, disciplina, e capacidade de manter o foco mesmo sob extrema exaustão. Ganhou respeito dos colegas e instrutores. Dos 53 alunos que iniciaram o Curso de Operações na Selva (COS) Categoria “B”, 41 conseguiram lograr êxito: a 2.a Tenente Plentz estava entre eles. Na formatura, a conquista do “brevê da cara de onça” marcou a transição de Aluno para Guerreira de Selva Nr 7234.   

3. Símbolo de avanço

A conclusão do COS por uma oficial formada na AMAN tem peso histórico e simbólico. Representa a importância, dentro das Forças Armadas, da contribuição das mulheres em ações operacionais, e uma mudança de paradigma no perfil de combatentes de selva.

A  2.a Tenente Plentz reflete, na prática, valores fundamentais: determinação, resiliência, foco, superação, humildade, coragem e liderança em cenários de selva extremamente desafiadores. Todavia, poderia arriscar que ela, com toda humildade, atribui seu sucesso ao trabalho árduo, ao apoio de companheiros e ao seu desejo genuíno de servir a um propósito.

Nos atuais tempos em que honra, confiança, verdade e comprometimento com valores elevados estão quase em escassez surge Plentz demostrando que trabalho árduo, treinamento e aprimoramento não são como flores que se pode apanhar quando se deseja, mas uma montanha que continuamente precisa ser escalada.

Fonte: Programa de Atualização do Combatente de Selva, Manaus – Am / No 002  Novembro de 2024 / Centro de Instrução de Guerra na Selva, referente ao artigo A Primeira Oficial Guerreira de Selva , autores: (1) Júlio César Diniz Dias, Major de Infantaria, Guerreiro de Selva Nr 4826. Realizou O COS Categoria “B” 09/3. Atualmente é Instrutor no Centro de Instrução de Guerra na Selva; (2)  Bruna Campos Nogueira Plentz,  2.a Tenente do Quadro de Material Bélico, Guerreira de Selva Nr 7234. Realizou o COS Categoria “B” 24/1. Atualmente serve no 8.o Batalhão de Manutenção de Selva.